Páginas



Numa noite em que as fadas sairam de férias e que, a solidão e a tristeza pesavam mais do que chumbo, a menina decidiu tomar um chá de sumiço. Desligou o telefone e a campainha da porta de entrada. Vestiu as meias listradas que ganhou de presente e que eram mágicas, deitou-se na cama com um livro em mãos e sonhou.

Sonhou com um mundo distante, onde não havia mágoas nem dores, nem solidão medonha. Só que do mundo de lá, ela não queria mais voltar, porque o de cá tinha monstros que atacavam no meio da noite e que roubavam tudo dela, até a serenidade.

E, no silêncio da noite, ela esculpiu rostos de pessoas que ela gostaria que estivessem ali, naquele momento, e brincou de tecer fantasias sem ter que desmoroná-las no dia seguinte. E foi tecendo com linhas todas coloridas até terminar num lindo cobertor gigante. Que a aqueceu durante a madrugada fria e a cobriu de sonhos.

De sonhos puros e claros, como aquele mundo pra onde ela fugia, quando o daqui pesava demais.


Pipa e Cris Carvalho

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

0 comentários: