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Fiquei aqui contando quantas culpas eu carrego comigo. Por mais que eu me doe inteira, me dói o que deixei de fazer, de falar, ou até o que eu disse e não deveria ter dito. Mas já foi. Simples assim. Sem máquina pra voltar no tempo e recomeçar.
Penso demais antes de cada passo. E deixo de sentir a beleza que é voar sem medo do tombo. Perdi aquela coragem que eu tinha há alguns anos, de satisfazer minhas vontades sem pensar tanto nas consequências. Agora eu penso, repenso e me culpo quando o resultado não é o esperado. O encontro cancelado por algum imprevisto, a amiga que precisa de mim, justo quando não posso ouvi-la. O 9 na prova de literatura. A dieta interrompida por aquele milk shake maravilhoso. A meia rasgada, o sorriso que eu não dei pra vizinha no elevador. 
Acontece que quando a gente percebe, a vida foi ontem, e não dá tempo de consertar os erros, que só sabemos que são erros, depois de feitos.
Coloca aí na conta do aprendizado, guarda como experiência, sem repeti-los. Mas deixa a culpa fora dessa. Se joga nas belezas do imprevisto, e joga fora o tal peso na consciência. Dizem por aí que a felicidade mora no descuido. E os momentos bonitos podem ir embora, enquanto você para pra pensar, e se culpar.
 
 
Karla Tabalipa

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1 comentários:

Nilson Ramos disse...

Deixe lá, bem pra lá.
Lá onde todos erros cometidos são levados, pois foram aprendidos.
Deixe que levem para lá.
Lá onde todas culpas são perdoadas e esquecidas.
Deixe, pois pra cá não há lugar.